A palavra Deus é
para mim nada mais do que a expressão e produto da fraqueza humana, a Bíblia é
uma coleção de lendas honoráveis mas ainda assim primitivas que são, do mesmo
modo, muito infantis. Nenhuma interpretação, não importa quão sutil seja, pode
(para mim) mudar isso. Estas interpretações sutilizadas são altamente
influenciadas de acordo com sua natureza e tem quase nada a ver com o texto
original. Para mim a religião judaica, como todas as outras religiões, é uma
encarnação das superstições mais infantis. E o povo judeu ao qual eu felizmente
pertenço e com a mentalidade do qual eu tenho uma profunda afinidade não tem,
para mim, qualquer qualidade diferente dos outros povos. De acordo com minha
experiência, eles também não são melhores do que outros grupos humanos, embora
sejam protegidos dos piores cânceres por falta de poder. De outra forma, eu não
posso ver qualquer coisa "escolhida" a seu respeito.
No geral, eu acho
doloroso que você clame uma posição privilegiada e tente defender esta ideia
através de dois muros de orgulho, um externo como um homem e um interno como um
judeu. Como um homem você demanda, de certa forma, uma dispensa da casualidade
de outra forma aceita, e como um judeu o privilégio do monoteísmo. Mas uma
casualidade limitada não é mais, de forma alguma, uma casualidade, como nosso
maravilhoso Spinosa reconheceu incisivamente, provavelmente o primeiro a
fazê-lo. E as interpretações anímicas das religiões da natureza não são, em
princípio, anuladas pela monopolização. Com tais muros nós só podemos alcançar
uma certa auto ilusão, mas nossos esforços morais não são melhorados por eles.
Pelo contrário.
Agora que eu
abertamente expus nossas diferenças em relação às convicções intelectuais, é
ainda claro para mim que nós somos bem próximos no que se refere às coisas
essenciais, ou seja, na nossa avaliação do comportamento humano. O que nos
separa são somente proposições intelectuais e racionalizações na linguagem de
Freud. Desta forma, eu acho que iriamos nos entender muito bem se falássemos de
coisas concretas. Com agradecimentos amigáveis e os melhores desejos.
Seu,
A. Einstein