Caiu em tantas armadilhas
e era naturalmente sábio,
sem ter estudado muito ou lido quase
nada.
Deve ter vivido ciclos, múltiplas
existências,
cujos carmas se acumularam
e como um balão furado ventou
sobre mais esta vida.
Carregou fardos...
encantou deusas...
matou de amor...
Fez o que bem quis, consciente e luzente,
pois a mim ressuscitou.
Senti ser ele, a causa e o efeito...
o escuro e o lume,
a espada de dois gumes.
Deve ter sido um chacal dourado,
deve sim,
um lindo chacal solitário,
esfomeado de mortes,
pois gritava seus ares sinistros
causador de arrepios,
arrebatava qualquer boa sorte.
Deve ter vivido num calabolço,
ruínas mal assombradas,
ter quebrado sinos,
mais de uma vez expulso do limbo,
ter se chamado anjo da morte.
Caiu aqui nestes olhos turvos,
unindo-se a mim pobre criatura
sem destino ou passaporte
Suzette Rizzo
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